Introdução:Mais de 1.4 bilhões de adultos no mundo tem sobrepeso ou são obesos. Individuos com obesidade comumente desenvolvem comorbidades como diabetes e hipertensão. O balão intra-gástrico (BIG) pode ser considerado como terapia para perda de peso e controle de comorbidades associadas. É uma terapia minimamente invasiva e temporária que consiste num balão macio, preenchido de solução salina implantado no estômago para promover saciedade e restrição. Complicações são raras e normalmente não relacionadas à problemas cardiológicos. Relato do caso:Paciente do sexo masculino, 47 anos, iniciou quadro de epigastralgia em cólica, náuseas e vômitos intensos há 12 horas, refratários ao tratamento sintomático. Havia implantado BIG eletivo no da anterior Indicado para auxílio no emagrecimento. Referia ter obesidade grau 1 (IMC 30,3 kg/m2), hipertensão arterial e diabetes mellitus tipo 2. À entrada encontrava-se hemodinamicamente estável, porém com frequência cardíaca de 38 bpm. Realizado eletrocardiograma e constatada bradicardia sinusal. Na ocasião sem sinais de instabilidade, porém com PA em níveis mais baixos do que o seu habitual e apresentava-se com palidez cutânea sem anemia. Como paciente não fez nenhum uso de medicamentos cronotrópicos negativos e não havia alteração de eletrólitos, na ausência de bloqueios AV e outros sintomas, foi realizada hipótese de estimulo vagal exacerbado pela presença do BIG, procedendo a sua retirada. Logo após, o paciente retoma frequencia cardíaca de 82 bpm com ritmo sinusal, assintomático.Discussão:Vários estudos mostram que o implante de BIG é seguro com baixo índice de complicações. Efeitos colaterais comuns são náuseas, vômitos e epigastralgia. Complicações severas incluem obstrução intestinal, perfuração e morte. A taxa de mortalidade é de zero segundo meta-análise com 1200 pacientes. Entretanto nesse caso vemos uma possível complicação rara, com poucas descrições na literatura, sendo que o BIG pode induzir hiperativação do nervo vago por meio de estiramento da parede gástrica e esse estímulo contínuo pode aumentar o estimulo colinérgico cardíaco, resultando na bradicardia apresentada, resolvida após sua retirada. Conclusão: Apesar de raras, complicações cardiovasculares relacionadas ao BIG podem ocorrer, sendo necessária avaliação minuciosa e suspeição clínica correta.