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Ácidos graxos ômega-6 incorporados em membranas eritrocitárias se associam a alterações cardiometabólicos negativas e a modificações estruturais na LDL

Gustavo H. F. Gonçalinho, Nágila R. T. Damasceno
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo - São Paulo - SP - Brasil

Introdução: Os ácidos graxos ômega-6 (AG n-6) de membranas eritrocitárias (ME) têm sido associados à redução de mortalidade cardiovascular. Contudo, evidências experimentais mostram que os AG mais abundantes nos ateromas e nas LDL oxidadas são os AG n-6, sugerindo que esses AG sejam mais suscetíveis à oxidação e formação de lipoproteínas mais aterogênicas. Objetivo: Associar diferentes AG n-6 com modificações estruturais das LDL e parâmetros cardiometabólicos em adultos e idosos. Métodos: Estudo transversal de prevenção primária com indivíduos de ambos os sexos (n = 335), idades entre 30 e 74 anos. Dados clínicos, antropométricos (IMC) e laboratoriais (perfil lipídico, apolipoproteínas, HOMA-IR, subfrações de LDL e LDL(-) e seus autoanticorpos) foram analisados. Os AG (linoleico – LA; γ-linolênico – GLA; di-homo-γ-linolênico – DGLA; araquidônico – AA; di-homo-linoleico – DLA) foram extraídos das ME e analisados na cromatografia gasosa. Foram feitos ANOVA Oneway ou Kruskall-Wallis para comparar tercis de cada AG n-6 e, posteriormente, regressões logísticas ajustadas por sexo, idade, tabagismo, uso de estatinas e AG n-3 de ME para verificar a associação dos AG com LDL(-). Resultados: Os participantes tinham idade de 53 (10) anos, IMC de 30,9 (5,8) kg/m2, e 19,7% eram fumantes. Indivíduos dos maiores tercis de LA (>5,59%), DGLA (>0,66%) e AA (>4,04%) apresentaram mais Apo B [108,9 (23,9) mg/dL; p=0,012; 108,7 (23,8) mg/dL; p=0,013; 109,7 (25,7) mg/dL; p=0,002]. Os indivíduos com mais LA e DGLA também apresentaram mais TG [137 (109-212) mg/dL p=0,042 e 143 (101-208) mg/dL; p=0,013, respectivamente) e mais LDL pequenas e densas [5,0 (2,0-14,0) mg/dL; p=0,008 e 4,0 (2,0-12,0) mg/dL; p=0,020, respectivamente]. Os  maiores tercis de DGLA, e AA apresentaram mais LDL(-) [7,0 (2,2-26,6) mg/dL; p=0,007 e 10,2 (2,8-37,1) mg/dL; p=0,000, respectivamente], enquanto perfil oposto foi observado para GLA. Cada aumento de uma unidade de GLA reduziu a chance dos indivíduos terem mais LDL(-) em 78,3% (OR=0,217; IC95%= 0,048-0,967) e de DLA reduziu em 60,1% (OR= 0,399; IC95%= 0,184-0,866), enquanto para o DGLA e AA essa chance aumentou em 210,5% (OR= 2,105; IC95%= 1,024-4,329) e 22,8% (OR= 1,228; IC95%= 1,103-1,368), respectivamente. Não houve associação de LA com LDL(-). Conclusão: O presente estudo mostrou que os AG n-6 de ME são importantes biomarcadores de aterogenicidade, uma vez que se associaram como maior conteúdo de Apo B, LDL pequenas e densas e partículas de LDL oxidadas.

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