Introdução: Ainsuficiência cardíaca (IC) é uma doença de caráter progressivo, que limita de forma importante as atividades cotidianas.Considerando-se a compreensão das necessidades dos pacientes com doenças crônico-progressivas, a elaboração das Diretivas Antecipadas de Vontade (DAV) é útil. Este estudo objetivou identificar as evidências de validade de conteúdo e testar cognitivamente um roteiro de entrevistas para avaliação do conhecimento sobre o caráter crônico e progressivo da IC e da aceitação das DAV por miocardiopatas. Método: Estudo metodológico. Etapa 1) O roteiro foi elaborado a partir de informações da Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda da Sociedade Brasileira de Cardiologia, do Modelo Brasileiro de Diretivas Antecipadas e da Teoria do Comportamento Planejado (TCP). Etapa 2) O roteiro foi submetido à validação de conteúdo por seis juízes com experiência prática em Bioética ou Cardiologia, que avaliaram pertinência prática, clareza, relevância teórica e dimensionalidade na escala -1: não concordo, 0: concordo parcialmente ou +1: concordo. Para itens classificados como 0 ou -1, foram solicitadas sugestões. Itens com índice de validade de conteúdo (IVC)<80% foram reformulados e enviados para nova rodada de avaliação. Etapa 3) Testagem cognitiva com pacientes do ambulatório de Miocardiopatias de um hospital especializado em Cardiologia de São Paulo-SP. O projeto foi aprovado por dois Comitês de Ética em Pesquisa. Resultados: Etapa 1)O roteiro foi elaborado com 10 itens sobre conhecimento quanto ao caráter crônico-progressivo da IC; 10 itens sobre aceitação das DAV; 11 itens sobre percepção quanto à importância das DAV). Etapa 2) Sete itens foram reformulados conforme sugestões na primeira rodada, atingindo IVC>80% na segunda rodada. Etapa 3) Aplicou-se o roteiro a 20 pacientes, 8 (40%) do sexo masculino, com idade média de 60 anos (min 38, max 77), e 4 anos de escolaridade (min 0, max 15). Verificou-se a necessidade de ajustes de acordo com a literacia: remoção de dois itens sobre conhecimento, transformação de afirmativas em perguntas, inclusão de uma pergunta sobre utilidade das DAV, remoção de questões relacionadas à TCP. Conclusão: Foram verificadas evidências de validade de conteúdo do roteiro, e ajustes foram realizados considerando-se a compreensão da população-alvo. O roteiro poderá ser utilizado para conhecer importantes aspectos da compreensão e aceitação de pacientes com IC sobre DAV e, assim, subsidiar o planejamento de intervenções para favorecer a autonomia desses pacientes.
