Introdução: A coarctação de aorta torácica é uma cardiopatia congênita presente em 5 a 8% da população pediátrica. Caracteriza-se por uma malformação vascular que resulta em estreitamento do lúmen aórtico após a origem da artéria subclávia esquerda. Seu espectro clínico é variável, podendo comprometer o crescimento e desenvolvimento infantil, e levar a quadros hipertensivos, insuficiência cardíaca e aumento do risco de morte súbita. Comumente está associado a alterações intracardíacas e em alguns casos com síndrome de Turner, com prognóstico reservado na fase adulta para casos não tratados, mas, a literatura destaca que a sobrevida em 30 anos com reparo cirúrgico varia de 72 a 98%.
Descrição: Lactente de 5 meses, sexo feminino, leucoderma, pré-natal e parto sem intercorrências, sem comorbidades prévias. Em sua quinta consulta apresentou perda de peso, cansaço, sudorese e cianose de extremidades durante as mamadas, sopro ejetivo de +++/6+ no exame físico. Ecocardiograma Transtorácico confirmou coarctação com repercussão hemodinâmica, com gradiente instantâneo de 82 mmHg, presença de hipertrofia ventricular concêntrica e estenose valvar aórtica com gradiente de 29 mmHg. Com isso, optou-se por intervenção cirúrgica eletiva e o emprego de uma ressecção do segmento aórtico estenosado com anastomose termino-terminal e flap da artéria subclávia (técnica de Teles Mendonça), sem intercorrências. Ecotransesofágico pós-operatório confirmou estenose aórtica com grau moderado, apresentando gradiente de 28 mmHg. Permaneceu 9 dias em UTI pediátrica, no quarto dia apresentou crise convulsiva e PCR com retorno espontâneo, sem sequelas neurológicas e boa evolução clínica até alta hospitalar. Retornou para domicílio com prescrição de captopril e propranonol para controle pressórico/Insuficiência Cardíaca (IC; NYHA classe funcional I), além de seguimento semestral para avaliação continuada da estenose aórtica leve/moderada, até provável intervenção cirúrgica valvar corretiva. Orientou-se fisioterapia para estímulo do membro superior esquerdo, de modo a evitar ou reduzir as repercussões causadas pela técnica cirúrgica empregada, e atividades físicas moderadas a intensas, para não causar sobrecarga ventricular e progressão da hipertrofia e/ou IC.
Conclusão: O tratamento busca garantir uma correção anatômica adequada e permitir que a aorta possa se desenvolver, favorecendo a aplicabilidade na população pediátrica. Esse caso também ressalta a importância de uma puericultura de qualidade, possibilitando abordar precocemente a cardiopatia e alterar o prognóstico da lactente.