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Preditores prognósticos na endocardite de prótese valvar precoce

Matheus Rebelo Abate, Roney Orismar Sampaio, Bruno Azevedo Randi, Danielle Menosi Gualandro, Alfredo José Mansur, Pablo Maria Alberto Pomerantzeff, Flávio Tarasoutchi, Tânia Mara Varejão Strabelli, Rinaldo Focaccia Siciliano
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

INTRODUÇÃO: Endocardite de prótese valvar (EPV) precoce apresenta etiologia, complicações e letalidade diferente das infecções de prótese tardias. Sua incidência no primeiro ano do implante valvar é de cerca de 1 a 3% e poucos estudos avaliaram fatores prognósticos destas infecções. O objetivo desse estudo é avaliar fatores relacionados ao óbito hospitalar a partir de dados obtidos da maior coorte brasileira em EPV.

MÉTODOS: Foram incluídos prospectivamente episódios de endocardite de prótese valvar que ocorreram em até um ano após o implante valvar no período de 1996 a 2019 em um hospital de referência de cardiologia de São Paulo. Dados clínicos, laboratoriais e de imagem foram coletados ao diagnóstico de endocardite. Realizou-se análise univariada e multivariada por regressão logística entre as variáveis estudadas e o desfecho óbito hospitalar, para definir os maiores preditores de óbito.

RESULTADOS: Foram incluídos 202 episódios de endocardite de valva protética - a maior coorte brasileira em EPV. A mediana de idade foi 55 anos e 60% eram homens. Os microrganismos mais frequentemente identificados foram: Staphylococcus coagulase negativo (80 casos, 39,6%), Staphylococcus aureus (S. aureus)(26 casos, 12,8%) e bacilos Gram negativos (18 casos, 8,9%). No geral, a letalidade foi de 40% e 70% dos casos foram submetidos a tratamento cirúrgico. A mediana de tempo para cirurgia desde o diagnóstico foi de 7 dias (7,5 dias nas infecções por S aureus). Dentre os episódios de endocardite por S. aureus a letalidade foi de 77% (93,5% no grupo sem cirurgia cardíaca e 53% no grupo submetido tratamento cirúrgico) - somente 1 paciente recebeu alta hospitalar sem necessitar de cirurgia cardíaca. Na análise multivariada, as variáveis associadas a óbito hospitalar foram: idade ≥ 60 anos (OR= 2,14; IC=95% 1,01 – 4,55; p=0,049), EPV aórtica (OR=2,67 IC=95% 1,23 - 5,80; p=0,013), etiologia por S. aureus (OR=7,23; IC=95% 2,17 – 24,1; p=0,01), leucócitos ≥ 12.000/mm3 (OR=2,4; IC=95% 1,14 – 5,10; p=0,022) e plaquetas 120.000/mm3 (OR=3,03; IC 95% 1,35 – 6,75; p=0,007).

CONCLUSÃO: 1) A mortalidade por EPV precoce persiste elevada, ainda maior se por S. aureus. 2) Idade superior a 60 anos, leucocitose, plaquetopenia, envolvimento de prótese aórtica e infecção por S. aureus são fatores de pior prognóstico hospitalar 3). Esse grupo pode ser beneficiar de terapêutica combinada (clínica e cirúrgica) mais precoce.

 

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