Introdução: A ocorrência de complicações em pacientes internados com insuficiência cardíaca (IC) descompensada no Brasil ainda é pouco descrita. No entanto, essas complicações podem ser determinantes no prognóstico da internação. Métodos: Estudo observacional, prospectivo e multicêntrico com o objetivo de avaliar a relação entre fatores complicadores de evolução com mortalidade em pacientes com IC descompensada e baixo débito cardíaco. Foram incluídos 909 pacientes admitidos em serviços de emergência e avaliados: infecção nosocomial, necessidade de intubação orotraqueal, uso de ventilação não-invasiva, sangramentos, insuficiência renal aguda e parada cardiorrespiratória recuperada. Análise estatística: A avaliação dos achados de acordo com a ocorrência ou não de morte intrahospitalar foi realizada através de Q-quadrado (significativo p < 0,05). Resultados:A mediana de idade foi de 64,15 anos, sendo 60% do sexo masculino. Houve 300 (33%) óbitos durante a internação. Foram encontradas diferenças entre os pacientes que morreram ou não nos seguintes fatores complicadores: infecção nosocomial (56% vs. 19,2%, p < 0,0001), necessidade de intubação orotraqueal (44,8% vs. 4,9%, p < 0,0001), uso de ventilação não-invasiva (31,7% vs. 11,2%, p < 0,0001), sangramentos (8,8% vs. 2,9%, p = 0,001), insuficiência renal aguda (60,2% vs. 27,9%, p < 0,0001)e parada cardiorrespiratória recuperada (39,7% vs. 6,7%, p < 0,0001). Conclusão: Todos os fatores complicadores de evolução clínica estudados mostraram correlação com a mortalidade intrahospitalar em pacientes com IC descompensada e baixo débito cardíaco. Até onde temos conhecimento, essa é a maior coorte brasileira de pacientes admitidos na emergência com baixo débito cardíaco.
