Introdução: A disfunção autonômica cardíaca intradialítica (DACI) é um problema comum em pacientes com doença renal crônica (DRC), sendo responsável por altas taxas de morbidade e mortalidade durante última hora de hemodiálise (4HD). A DACI é caracterizada por hiperatividade simpática e redução da modulação vagal que se manifesta clinicamente através da hipotensão intradialítica como consequência de altas taxas de ultrafiltração (TUF) e redução volêmica. Sendo assim, se faz necessário a formulação de estratégias que possam reduzir a incidência de eventos adversos cardiovasculares na 4HD. Objetivo: avaliar o efeito de três perfis TUF sobre a modulação autonômica cardíaca de pacientes com DRC ao logo da HD. Métodos: Foram selecionados pacientes com DRC em tratamento regular de HD e submetidos à três perfis distintos de TUF: (A) linear ou convencional; (B) platô; e (C) decrescente. Para registro da VFC, foram analisados os índices lineares, no domínio do tempo e frequência, e índices não lineares durante toda HD. Resultados: Dos 14 pacientes que completaram o estudo, 8 eram homens com idade de 48±16 anos e Índice de massa corporal de 26 ±6 kg/m2, que tinham a HAS (64,2%) como principal causa da DRC. Na 4HD foi encontrado redução significativa da relação TUF/peso seco corporal (mL/kg) do perfil C (6,92±2,79) em relação ao perfil A (9,21 ± 3,84 )(p=00,5) e B (8,64 ± 4,03) (p=0,042). Associado a esses resultados, nesse mesmo momento o perfil C demonstrou uma menor PAS e PAD em relação aos perfis B e C, além de maior prevalência de episódios de IDH (28%) e sintoma de câimbra (14,2%) quando comparado com perfil A (7,1%; 0%) e B (0%; 0%) respectivamente. O IRR no perfil A se comportou com redução significativa e progressiva ao longo das sucessivas horas de HD. Na 4HD, foram observadas aumento significativo de IRR (ms) no perfil C (785.09 ± 113,02) quando comparado com perfil A (692.79±73.74) (p=0.039) com alto tamanho do efeito (TE) (d=1,25). Ainda no período 4HD, SD2/SD1 teve aumento significativo no perfil B (1,90±0,65 ms) em relação ao perfil A (1,22±0,23 ms) (p=0,040) com muito grande TE (d=3,40). Conclusão: Os perfis de TUF B e C apresentaram menor DACI na 4HD quando comparadas ao perfil A, que é utilizado convencionalmente na rotina dos centros de HD. Além disso, quando comparados, o perfil de TUF B demonstrou melhor resposta clínica, pois houve menor prevalência de eventos adversos relacionadas a instabilidade hemodinâmica.