Introdução: As doenças cardiovasculares (DCVs) são as principais causas de morte no mundo em ambos os sexos, sendo considerada um grave problema de saúde pública. Entre as inúmeras alternativas para o tratamento das DCV, a cirurgia cardíaca (CC) mantém-se como a opção terapêutica mais comum relacionada com a melhora da sobrevida desses indivíduos. Porém, o ato cirúrgico pode causar uma série de complicações no pós-operatório, com maiores chances de complicações pulmonares e disfunção cardíaca autonômica. Nesse contexto, o treinamento muscular inspiratório (TMI) é clinicamente relevante na reabilitação cardiovascular, com objetivo de recuperar e/ou fortalecer a musculatura inspiratória, promovendo melhora da atividade pulmonar, capacidade funcional e da modulação simpatovagal. Assim, o objetivo do estudo foi avaliar os efeitos do TMI na força muscular ventilatória, função pulmonar, capacidade funcional e na variabilidade da frequência cardíaca de pacientes adultos submetidos à CC. Métodos: Realizou-se um ensaio clínico com 22 pacientes submetidos à CC, com média de idade 61,04±7,4, de ambos os sexos e divididos em dois grupos: o grupo controle (10), submetido à fisioterapia convencional, com alongamentos, cinesioterapia e padrões ventilatórios, sendo uma vez ao dia; e o grupo TMI (12), que realizou fisioterapia convencional somado ao protocolo de TMI. O TMI foi executado duas vezes ao dia, 3 séries de 10 repetições, carga inspiratória de 30% PImáx do pré-operatório, utilizando o equipamento Threshold® IMT. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram manovacuômetro digital MVD 300 para mensurar a PImáx e PEmáx, o microespirômetro para avaliação da função pulmonar, o teste de caminhada de 6 minutos para avaliar a capacidade funcional, e o Polar® S810i para os registros da variabilidade da frequência cardíaca. As variáveis foram comparadas pela ANOVA de duas vias para medidas repetidas seguidas de post hoc Bonferroni. O nível de significância de 5% foi considerado. Resultados: Observou-se uma maior tendência do GTMI em aumentar no 7ºPO os valores de PImáx. Em relação a função pulmonar (CVF, VEF1, VEF1/CVF) e a FC houve um aumento no 7°PO em ambos os grupos, e diminuição da distância percorrida no teste de caminhada de 6 minutos. Conclusões: Pacientes submetidos à CC apresentam prejuízo na força muscular ventilatória, função pulmonar, capacidade funcional e na variabilidade da frequência cardíaca. Não foi demonstrado diferença entre o GC e GTMI, entretanto, observou-se uma maior tendência de eficácia na recuperação das variáveis no grupo treinado.