Introdução: Há evidências prévias de que, na maioria dos indivíduos saudáveis, a oferta de oxigênio aumenta mais rápido que a utilização de oxigênio muscular (VO2m) no início do teste de exercício incremental e diminui próximo da exastão máxima. Isto produz um perfil sigmóide da relação entre desohemoglobina (% HHb que representa a extração de O2) e consumo de oxigênio (VO2) com o desenvolvimento de valores quase estáveis (ou assintóticos) próximos ao pico do exercício. No entanto, essa questão ainda não foi abordada em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Isto porque, considerando que a oferta de O2 está prejudicada em pacientes com DPOC, a dinâmica da extração microvascular de O2 poderia está modificada. Objetivo: Avaliar a dinâmica da extração microvascular de O2 durante o exercício incremental em rampa em pacientes com DPOC de moderada a grave. Material e métodos: Inclui-se nove individuos homens com diagnóstico clinico e funcional de DPOC moderada a grave e doze individuos controles sedentarios pareados por idade e sexo. Realizou-se testes de função pulmonar padrão e testes de exercício cardiopulmonar incremental do tipo rampa em cicloergômetro (5-10 W/min em pacientes e 15-20 W/min em controles). Foram medidas as variáveis de troca de gases pulmonares respiração por respiração e os perfis de oxigenação musculoesquelética do vasto lateral esquerdo por espectroscopia no infravermelho próximo (NIRS). Resultados: Pacientes mostraram diminuição da capacidade máxima de exercício com menor reserva ventilatória e escores de dispnéia significativamente maiores do que os controles. (Carga pico(W) 130±15 e 91±24; VO2 pico (mL/min) 1595 ± 256 e 1320 ± 194; VEF1 (%pred) 99.6 ± 9.4 e 40.4±15.7; Escores dispneia 4 (2-9) e 7(3-9) em controles e DPOC respectivamente. Houve diferenças no comportamento da inclinação ΔHHb-ΔO2 (%/L/min) entre indivíduos controles e pacientes com DPOC durante o teste incremental em rampa (p <0,05). O perfil de HHb durante o teste mostrou que os pacientes (DPOC) não apresentaram um comportamento assintótico do exercício próximo ao pico em comparação ao controle. Conclusão: Estes dados sugerem que a dinâmica de entrega de VO2m é substancialmente mais lenta que o VO2m do inicio do exercício em pacientes (DPOC).A falta de uma assíntota ΔHHb na maioria dos pacientes pode estar relacionada a essas anormalidades e / ou cessação do exercício precoce devido à limitação ventilatória que ajudou a manter uma reserva metabólica dentro do músculo periférico.