INTRODUÇÃO: A sífilis é uma doença infecciosa bacteriana causada pelo Treponema pallidum etransmitida principalmente por via sexual. Sua forma terciária é responsável por lesões cardiovasculares sendo a mais comum a aortite, que pode comprometer os óstios coronários.
DESCRIÇÃO DO CASO: Paciente do sexo masculino, 59 anos, encaminhado de outro serviço devido infarto agudo do miocárdio sem supradesnível do segmento ST para realização de angiografia coronária. O exame mostrou suboclusão do óstio da coronária esquerda e lesão grave no óstio da coronária direita, sem lesões sugestivas de aterosclerose nos demais leitos coronários. Devido as características angiográficas das lesões, sorologias para sífilis foram solicitadas e retornaram positivas (VDRL – 1:128 / FTA-ABS – reagente). O paciente foi tratado com penicilina cristalina devido FTA-ABS reagente também no liquor. Enquanto aguardava cirurgia evoluiu com dor precordial, infradesnível do segmento ST em toda parede anterior (com supradesnível em derivação aVR) e choque cardiogênico sendo submetido a revascularização do miocárdio de emergência com enxerto de artéria torácica interna para 1º ramo diagonal e enxerto de safena para coronária direita. Apresentou parada cardiorrespiratória em atividade elétrica sem pulso logo após esternorrafia revertida após reabertura do tórax, massagem cardíaca interna e uma dose de adrenalina intravenosa. Biópsia da aorta mostrou aortite crônica leve com fibrose. Paciente evoluiu com disfunção ventricular esquerda importante e insuficiência cardíaca de difícil controle no pós-operatório sendo avaliado com ecocardiograma de stress (dobutamina) e ressonância magnética do coração que demonstraram viabilidade e isquemia em paredes apical, anterior e septal do ventrículo esquerdo. Realizado intervenção coronária percutânea com Stent no tronco da coronária esquerda com sucesso primário com melhora clínica e hemodinâmica do paciente. Recebeu alta hospitalar após conclusão do tratamento antibiótico.
CONCLUSÕES: Apesar de rara, a aortite sifilítica pode causar síndrome coronária aguda e deve ser pensada como hipótese diagnóstica a depender das características clínicas e imagens angiográficas do paciente.