Introdução: A prática regular de exercício físico promove o aumento dos níveis séricos de HDL-C. No entanto, o HDL-C reflete apenas parcialmente a proteção anti-aterosclerose fornecida por essa lipoproteína. Assim, a avaliação de aspectos metabólicos e funcionais da HDL é importante para o entendimento mais amplo do envolvimento da HDL na doença cardiovascular aterosclerótica. A transferência de colesterol para HDL é um processo fundamental para a função e metabolismo desta lipoproteína que interfere diretamente no transporte reverso do colesterol. Sendo assim, o objetivo do presente estudo é verificar se a aptidão cardiorrespiratória altera a transferência de colesterol para a HDL em jovens fisicamente ativos.
Métodos: Foram avaliados 21 jovens fisicamente ativos (28±4 anos, 11 homens), que praticavam exercício físico há pelo menos um ano, e 21 jovens sedentários (25±4 anos, 8 homens). Os participantes responderam o questionário IPAQ versão curta para alocação nos grupos e foram submetidos ao teste ergoespirométrico para a identificação do pico de consumo máximo de oxigênio (VO2pico). Foram utilizados os testes com valores do Quociente Respiratório de pico ≥1.1. Foi determinado perfil lipídico, apolipoproteínas (apo), atividade da paraoxonase 1 (PON1), diâmetro da HDL e transferência de colesterol para HDL. A transferência de colesterol para HDL foi realizada incubando o plasma dos pacientes com uma nanopartícula semelhante a lipoproteína contendo colesterol livre (CL) e colesterol esterificado (CE) marcados radioativamente, seguido pela precipitação química e contagem radioativa.
Resultados: Como esperado, o VO2pico foi maior no grupo dos fisicamente ativos (p<0,0001). Não houve diferença no IMC, circunferência abdominal, relação cintura-quadril, LDL-C, Não-HDL-C, triglicérides e apo B entre os grupos. Os jovens fisicamente ativos tiveram maiores concentrações de HDL-C (p=0,0025) e Apo A-I (p=0,0008). A capacidade da HDL de receber CE (p<0,0001) e CL (p<0,0001) foi maior no grupo dos jovens fisicamente ativos. Não houve diferença na atividade da PON1 e no diâmetro da HDL.
Conclusão: Em jovens fisicamente ativos a HDL recebe maior porcentagem de CE e CL das outras lipoproteínas do que os jovens sedentários, o que, conforme trabalhos anteriores, determina melhor proteção anti-aterosclerose por esta lipoproteína.