INTRODUÇÃO:O eletrocardiograma de 12 derivações(ECG) é uma ferramenta diagnóstica para doenças cardíacas. A análise do seu sinal digital possibilita a obtenção de parâmetros derivados do vetocardiograma(VCG) como ângulo espacial QRS-T pico e médio. Estes têm sido propostos como uma poderosa ferramenta de estimativa de risco cardiovascular. Devido indisponibilidade destes,o QRS-T frontal obtido a partir do ECG padrão foi proposto como substituto adequado para os mesmos.Existem informações científicas limitadas sobre como as diferentes modalidades dos ângulos do QRS-T se correlacionam entre si.Assim, o presente estudo tem por objetivo avaliar a correlação entre os ângulo QRS-T: pico, médio e frontal.MÉTODOS:Avaliação retrospectiva 336 pacientes atendidos em ambulatório de hospital de Cardiologia.Foram excluídos pacientes com marcapasso,bloqueio de ramo esquerdo,pré-excitação,padrão de deformação eletrocardiográfica,dados de ECG de baixa qualidade e fibrilação atrial.Os ECG foram analisados por um médico experiente que realizou análise às cegas usando um software-proprietário e aferiu o ângulo QRS-T frontal. A partir dos raw data dos ECG reconstruiu-se as derivações do VCG X-Y-Z (regressão de Kors) e assim obteve-se os ângulo espaciais pico e médio.ESTATÍSTICA:Os histogramas e testes de normalidade de cada conjunto de dados de ângulo foram avaliados.Após,comparou-se os valores obtidos com a linha de igualdade e o coeficiente de correlação de Spearman.Por fim,realizou-se o estudo das diferenças de ângulos versus médias, com base no método Bland-Altman.RESULTADOS:As médias dos ângulos QRS-T,foram de 88,6 , 65,6 e 58,6 para espacial médio,espacial pico e frontal respectivamente. O coeficiente de rho de Spearman foi de 0,81, 0,5 e 0,44 para Pico x Médio,Médio x Frontal e Pico x Frontal,respectivamente com valor de p<0,001.O rho de Spearman mostra alta correlação entre os ângulos espaciais médio e pico e fraca correlação entre eles e o ângulo frontal.O Método Gráfico de Bland-Altman mostra alto viés e dispersão entre as medidas e mostra diferenças positivas e negativas entre os ângulos que aumentam à medida que os ângulos médio são maiores,o que aponta que esses ângulos não têm comportamento equivalente.CONCLUSÕES:Existe uma forte correlação entre os ângulos QRS-T pico e médio,porém essa correlação parece estar comprometida em indivíduos com valores de ângulos mais elevados.A correlação é fraca entre os ângulos espaciais e o frontal. Desta forma,as diferentes modalidades de ângulos QRS-T isoladamente não deveriam ser utilizadas como equivalentes entre si.