INTRODUÇÃO:Pacientes com oclusão do tronco da coronária esquerda (TCE) submetidos à intervenção coronária percutânea (ICP) primária frequentemente apresentam instabilidade hemodinâmica e necessitam de suporte hemodinâmico; sua mortalidade pode chegar a 70% nas primeiras 24 horas. O caso relatado surpreende pelo achado angiográfico e tempo entre o início dos sintomas e a reperfusão.
RELATO DO CASO: Paciente do sexo masculino, 33 anos, presidiário e usuário de maconha e cocaína, veio encaminhado ao nosso serviço por hipótese diagnóstica de tuberculose devido dor torácica difusa ventilatório-dependente e tosse há 2 meses, porém, na admissão relatava dor torácica definitivamente anginosa nas últimas 24 horas, de forte intensidade e associada à dispneia, sudorese e calafrios. O eletrocardiograma mostrou supradesnível do segmento ST na parede anterior (V1 – V4) e na derivação aVR além de infradesnível do segmento ST na parede inferior (D2, D3 e aVF) e lateral (V5 – V6). A dosagem de Troponina T ultrassensível na chegada foi de 3.070 ng/L (referência: < 14 ng/L) e a radiografia de tórax mostrou padrão de congestão pulmonar. O paciente foi encaminhado ao laboratório de hemodinâmica e submetido a angiografia coronária que mostrou oclusão do TCE que foi tratado com ICP com Stent e infusão de Abciximab devido fluxo anterógrado TIMI II e alta carga trombótica. Realizou ecocardiograma na Unidade Coronária que mostrou alterações segmentares de contratilidade em região apical, anterior, anterolateral, inferolateral e anterosseptal do ventrículo esquerdo com disfunção sistólica ventricular esquerda de moderada a importante (exame realizado em uso de dobutamina). Sorologias para hepatite B, C, sífilis e HIV foram negativas. Permaneceu em leito intensivo por 5 dias e recebeu alta hospitalar no 8º dia pós-infarto.
CONCLUSÃO: Relatamos o caso de um paciente jovem que sobreviveu por 24 horas com sintomas de isquemia miocárdica e com achado angiográfico de oclusão do TCE e que teve evolução clínica satisfatória após ICP com Stent.