Introdução: Pacientes internados aguardando implante de marcapasso cardíaco permanente (MPP) estão sob risco de desenvolverem infecção hospitalar (IH) antes do implante do MPP, o que aumenta custos, tempo de permanência hospitalar e risco de infecção do próprio dispositivo.
Objetivos: Este estudo investigou os fatores de risco associados ao desenvolvimento de IH antes do implante do MPP.
Métodos: Foi realizada análise retrospectiva de características clínicas e evolutivas de 127 pacientes (66 ± 15 anos, 46% mulheres) com bradiarritmia que implantaram MPP em um hospital público universitário.
Resultados: Dos 127 pacientes, 21 (17%) desenvolveram IH antes do implante do MPP [pneumonia (39%), celulite/infecção do cateter (29%), infecção urinária (19%), sepse (9%) e endocardite (4%)]. Pacientes internados há mais de 10 dias em unidades de atendimento de saúde tiveram maior risco de desenvolver IH (Figura). Em análises multivariadas, os fatores que se associaram à IH foram: tabagismo (OR=3,43; IC 95% 1.05-11.24; p=0,042), implante de marcapasso provisório (OR=5,01; IC 95% 1.24-20.26; p=0,024) e tempo de internação >10 dias (OR=4,84; IC 95% 1.43-16.35; p=0,011). Além disto, o sexo feminino mostrou tendência a ter mais IH que homens (OR=3,09; IC 95% 0.93-10.35; p=0,07). As medianas [25, 75 percentis] do intervalo para colocação do MPP desde a admissão em unidades de saúde foram de 16 [10, 33] e 4 [1, 7] dias (p<0,001) nos pacientes com e sem IH, respectivamente.
Conclusão: Tempo de internação >10 dias, tabagismo, implante de marcapasso provisório, e possivelmente sexo feminino, são fatores de risco para IH antes do implante de MPP. Pacientes com estas características podem ser candidatos a cuidados mais individualizados visando prevenir IH.
