Introdução:A Endocardite Infecciosa (EI) é uma doença complexa e grave, de difícil diagnóstico. A embolia séptica coronária (ESC) é uma complicação rara e grave da EI.
Relato de Caso:Homem, 66 anos com febre persistente e a anemia há 1 mês. Paciente com e troca de valva aórtica há 22 anos devido valvulopatia por febre reumática. Ecocardiograma Transesofágico mostrou presença de vegetações aderidas a prótese metálica em posição aórtica, de aspecto amorfo, pouco móveis, medindo 0,7x0,9cm e e 0,6x0,3cm . Evoluiu com dor torácica súbita, irradiada para dorso e membro superior esquerdo, náuseas e vômitos. Eletrocardiograma (Figura 1) com lesão subepicárdica em parede anterior. Cateterismo cardíaco (Figura 2), observando-se imagem sugestiva de trombo com oclusão total em terço proximal de artéria descendente anterior. Optado pela equipe da hemodinâmica realizar angioplastia primária com stent farmacológico. Após o evento coronariano paciente evoluiu com choque cardiogênico revertido com vasodilatores e inotrópicos (Figura 3). Realizada cirurgia de troca de valva mecânica e valva mitral com correção de abscesso subvalvar aórtico com sucesso.
Discussão: A ESC é uma complicação rara e grave. A grande maioria dos casos acometem a circulação anterior cardíaca. Diversos casos foram tratados de forma conservadora com antibioticoterapia, contudo o presente caso evoluiu com insuficiência cardíaca aguda nova e importante instabilidade hemodinâmica cuja restauração do fluxo coronariano se tornou primordial para o desfecho favorável. Caso o paciente apresentar supra desnível do segmento ST, a coronariografia se torna primordial e a reperfusão mecânica quer por angioplastia por balão, angioplastia ou procedimento misto é primordial. A intervenção híbrida, tromboembolectomia por cateter de aspiração seguida de intervenção cirúrgica de urgência da válvula infectada se torna a estratégia de escolha
Conclusão: O diagnóstico precoce e a instituição terapeutica rápida diminuem a morbimortalidade na EI e o risco de embolização sistêmica. A intervenção híbrida para recanalização miocárdica na ESC vem sendo preconizada pelas sociedades de cardiologia.
Figura1. ECG supra desnivelamento do segmento ST de parede anterior.
Figura 2. 1, 2 - oclusão em terço proximal de ADA; 3 – balonamento de lesão; 4, 5, 6 – visualização de embolo séptico; 7 – Angioplastia; 8 – visualização do Stent.
Figura 3. ECG após angioplastia da artéria descendente anterior. Paciente em choque cardiogênico