Introdução: Alterações autonômicas e distúrbios do humor têm sido reportados em pacientes com apneia obstrutiva do sono (AOS). O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos do treinamento físico (TF) na modulação autonômica cardíaca, sensibilidade barorreflexa espontânea (BRE) e no perfil do estado de humor (POMS) em pacientes com AOS.
Métodos: Quarenta e quatro pacientes com AOS (índice de apneia e hipopneia=48±28 eventos por hora de sono, idade=52±7 anos, índice de massa corporal=30±3 kg/m2) foram randomizados para grupo controle ou TF. O consumo de oxigênio no pico do exercício (VO2pico) foi avaliado pela ergoespirometria e a AOS foi diagnosticada pela polissonografia. A frequência cardíaca, pressão arterial batimento a batimento foram coletados durante 5 minutos em repouso, a frequência respiratória foi coletada respiração a respiração. Todas as avaliações foram realizadas antes e após a intervenção. A modulação autonômica cardíaca avaliada a partir das flutuações do intervalo RR do eletrocardiograma foi analisada no domínio do tempo e da frequência através da análise espectral (Fourier). O BRE foi analisado pelo método de sequência. A escala de POMS inclui 6 categorias: tensão, depressão, hostilidade, vigor, fadiga, confusão. O TF consistiu de 72 sessões totais com 3 sessões semanais. Cada sessão incluiu exercício aeróbio, exercícios resistidos e flexibilidade.
Resultados: Os grupos foram semelhantes no início do estudo em relação aos parâmetros físicos e fisiológicos (P>0,05). O TF (atingido em 40±3,9 semanas) aumentou significativamente o VO2pico (P<0,05), reduziu o índice de despertares durante o sono somente no grupo TF (P < 0,05). Houve uma redução significativa (P<0,05) no delta de índice de apneia hipopneia, dessaturação de O2 e despertares no grupo TF comparado ao grupo controle. Os valores de intervalo RR do eletrocardiograma e BRE foram maiores (P<0,05) no grupo TF comparado ao grupo controle e a análise de delta mostrou diferença significativa no intervalo RR e BRE entre os grupos. O grupo TF mostrou uma redução significativa no item fadiga da escala de POMS (P < 0,05). Houve correlação positiva (r = 0,60, P = < 0,02) entre o item fadiga da escala de POMS e o índice apneia hipopneia no período pós TF.
Conclusões: O TF melhora a modulação autonômica cardíaca, fadiga mental e parâmetros do sono em pacientes com AOS. Esses efeitos estão associados a uma melhora no padrão de sono, fadiga e menor risco de eventos cardiovasculares nos pacientes com AOS moderada a grave. FAPESP#2010/15064-6.