Fundamentos: A doença cardiovascular é a principal causa de mortalidade em pacientes diabéticos. Por essa razão, metas lipídicas mais agressivas são buscadas como forma de se reduzir a incidência de eventos nessa população. Apesar de embasada em grandes ensaios clínicos, a estratégia de redução de LDL segue desafiada pela dificuldade de se atingirem os níveis preconizados. Objetivo: Estimar o percentual de pacientes diabéticos que atingem as metas de LDL. Métodos: Foram considerados pacientes incluídos do Brazilian Diabetes Study, coorte multicêntrica prospectiva de avaliação de risco cardiovascular em diabéticos. Os indivíduos foram submetidos à entrevista e avaliação laboratorial do perfil lipídico. Uma análise exploratória dos dados foi realizada com medidas de tendência. Os pacientes foram então divididos em 3 grupos conforme seu risco cardiovascular, estimado pela “Diretriz brasileira baseada em evidências sobre prevenção de doenças cardiovasculares em pacientes com diabetes: posicionamento da Sociedade Brasileira de Diabetes, da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia E Metabologia”. Brevemente, pacientes com histórico de doença coronariana clínica foram considerados de alto risco; aqueles com doença coronariana subclínica ou estratificadores de risco foram considerados de alto risco; pacientes sem doença coronariana e sem estratificadores de risco foram agrupados no grupo de baixo-intermediário risco cardiovascular. As metas de LDL-c previstas para os grupos de baixo-intermediário, alto e muito alto risco foram de <100mg/dL, 70mg/dL e <50mg/dL, respectivamente. Por sua vez, em linha com a Diretriz, considerou-se o uso de estatinas como mandatório em pacientes de muito alto risco, altamente recomendável naqueles de alto risco e, nos de risco baixo-intermediário, desejável para se atingir a meta.Resultados: Um total de 517 pacientes foram incluídos nesta análise e distribuídos conforme seu risco cardiovascular em baixo-intermediário (n=41), alto (n=423) e muito alto risco (n=53). Considerando as metas de LDL estabelecidas para cada grupo, o percentual de pacientes no alvo dos grupos de baixo-intermediário, alto e muito alto risco foi de 36,6%, 15,8% e 3,8%, respectivamente. O percentual de pacientes em uso de estatinas foi de 7,3%, 29.6% e 67,9%, para os grupos de baixo-intermediário, alto e muito alto risco, respectivamente. Conclusão: Apenas uma minoria dos pacientes diabéticos encontra-se em níveis adequados de LDL para seu risco cardiovascular.
