Introdução: Há receio em realizar exercícios de membros superiores (MMSS) no pós-operatório (PO) de cirurgias cardíacas (CC), pelo uso de drogas vasoativas (DVAs) e risco de instabilidade hemodinâmica. Objetivo: Verificar o comportamento de variáveis cardiovasculares durante e após exercício no PO de CC. Métodos: Indivíduos no PO de CC (revascularização do miocárdio, troca valvar mitral ou aórtica, aortoplastia) foram avaliados em 02 dias, 1º PO e 2º PO, durante a realização de cicloergômetro para MMSS, que foi realizado em séries de 05 minutos, após 03 minutos de repouso e com 02 minutos de recuperação passiva. Durante o exercício os pacientes foram orientados a manter cerca de 60 rotações por minuto no ciclo e a carga foi regulada para manter uma percepção subjetiva de Borg adaptado entre 04 e 05. As seguintes variáveis foram avaliadas: frequência cardíaca (FC); Pressão arterial média intra-arterial (PAM) e saturação periférica de oxigênio (SpO2). A análise estatística utilizou ANOVA de um caminho com post hoc de Scheffé quando necessário, assumindo como significantes valores de p≤0,05. Resultados: 56 indivíduos foram avaliados (id: 59±9 anos; 60,7% masculinos; IMC: 27±1 Kg/m2; FEVE: 60±10%). No 1º PO a FC aumentou de maneira significante a partir do 1º minuto de exercício até o final do 5º minuto (p:0,00), permanecendo elevada mesmo no 2º minuto da recuperação (p:0,04), em relação ao repouso (FC rep: 92±15; 5º min exe: 101±16; 2º min rec: 96±16 bpm). No 2º PO o comportamento da FC foi semelhante durante o exercício, apresentando uma melhor recuperação no pós exercício, com diminuição da mesma a valores semelhantes aos de repouso (p:0,46) (FC rep: 94±16; 5º min exe: 103±14; 2º min rec: 94±17 bpm). Considerando a PAM, não se observou o aumento esperado durante o exercício no 1º PO (p:0,58). No 2º PO o comportamento da PAM foi adequado, com elevação (PAM rep: 83±9; 5º min exercício: 88±14 mmHg, p: 0,01). A SpO2 diminuiu no 1º minuto de exercício no 1º PO (SpO2 rep: 94±3; 1º min exercício: 92±4%, p: 0,03). No 2º PO não houve quedas da SpO2. Importante ressaltar que 23 indivíduos (41,1% da amostra) estavam em uso de DVAs e não apresentaram nenhum avento adverso durante o exercício proposto. Conclusão: No 1º PO houve menor capacidade de recuperação da FC após o exercício, associada a ausência de incremento significante da PAM e dessaturação da SPO2 durante o esforço. No 2º PO todas as variáveis estudadas se comportaram de maneira fisiológica demonstrando um melhor ajuste cardiovascular aos esforços, na população estudada.