INTRODUÇÃO: Em pacientes (pac) com infarto agudo do miocárdio de parede inferior (IAMPI), a artéria relacionada ao infarto (ARI) pode ser a coronária direita (ACD) ou a artéria circunflexa (ACx). O seu reconhecimento precoce é imperioso, no afã de se otimizar a execução da intervenção coronariana percutânea (ICP). Kosuge et al definiram, em 1998, com uma amostra de 152 pac, critérios eletrocardiográficos (ECG) com vistas a inferir a ARI a partir da simples razão entre a depressão do segmento ST na derivação V3 e a sua elevação na derivação III (↓STV3/↑STIII): <0,5, ACD proximal; 0,5 a 1,2, ACD distal e >1,2, ACx, com sensibilidades de 91%, 84% e 84% e especificidades de 91%, 93% e 95%, respectivamente.
OBJETIVOS: Avaliar a aplicabilidade (“mundo real”) dos critérios ECG Kosuge et al para a predição da ARI em pac cursando com primeiro episódio de IAMPI.
MÉTODOS: De dez/2018 a fev/2020, incluíram-se 80 pac consecutivos com IAMPI encaminhados para cinecoronariografia com vistas a ICP.
RESULTADOS: A média de idade foi 60.6±9.9, com maiorias de: gênero masculino (65%), hipertensos (73.8%) e atuais ou ex-tabagistas ativos (61.3%). As prevalências de ARI foram: ACD proximal (68.8%), ACD distal (17.5%) e ACx (13.8%). Em 92.5% dos pac, notou-se dominância coronariana direita. O acesso transradial foi utilizado em 90% dos casos de ICP, majoritariamente primária (90%). Nesta análise preliminar, para <0,5 ↓STV3/↑STIII e >1,2↓STV3/↑STIII, as sensibilidades foram 85.5% e 45.5% e os valores preditivos positivos, 75.8% e 100%, respectivamente. Para o tercil 0,5 -1,2 ↓STV3/↑STIII, não houve adequada correlação de valores.
LIMITAÇÕES: amostra preliminar (N=80), com esmagadora maioria de dominância coronariana direita (92.5%) e com traçados ECG de “mundo real”, com limitações técnicas e consequentes implicações à análise de ↓STV3/↑STIII.
CONCLUSÕES: Nesta análise preliminar, os critérios ECG Kosuge et al mostraram-se úteis para a predição da ARI, especialmente para os tercis ↓STV3/↑STIII <0,5 e >1,2.