Introdução:A pericardite é um processo inflamatório do pericárdio com prevalência de 1% e pode evoluir com tamponamento ou constrição. A tuberculose, principal causa de pericardite constritiva (PC), pode levar à pericardite tuberculosa (PT) , a qual representa 10% de todos os casos de pericardite, podendo chegar a 90% de mortalidade quando sem o correto diagnóstico e tratamento. Método/Relato de caso: Paciente J.C.T., 57 anos, gênero masculino, admitido no setor de emergência de hospital terciário, com palpitações, dispnéia aos mínimos esforços, edema de membros inferiores, afebril, com poliartralgia assimétrica migratória e máculas eritematosas difusas. As máculas surgiram há 14 anos, com disseminação progressiva, indolores, não pruriginosas, associadas a poliartralgia assimétrica migratória. Há 13 anos iniciou quadro de fibrilação atrial (FA), submetido a duas cardioversões e a duas ablações, sem sucesso, em internações posteriores. Em uso de anticoagulante oral e betabloqueador. Há 1 mês, reumatologista realizou biópsia das máculas (padrão indeterminado), iniciando metotrexate e corticóide, sem prova tuberculínica (PPD) prévia. Após 2 semanas de tratamento, evoluiu com piora clínica. Exame Fisico: Glasgow 15, sem emagrecimento prévio, turgência jugular, murmúrio vesicular diminuído bibasal, ritmo cardíaco irregular, bulhas normofonéticas, estalido protodiastólico mitral 3+/4+ “knock” pericárdico; abdome ascítico, com hepatomegalia e espaço de Traube livre. Edema de membros inferiores 3+/6+, pulsos simétricos, boa perfusão tecidual periférica, e máculas eritematosas difusas. Resultado: Eletrocardiograma: FA e sobrecarga atrial esquerda; Ecocardiograma Transtorácico: espessamento pericárdico, calcificação de 6mm, biventricular, sem restrição e insuficiência mitral discreta. Ressonância Magnética Cardíaca: pericardite constritiva com calcificações importantes e repercussão hemodinâmica significativa, sendo compatível com tuberculose pericárdica. PPD positivo reator e Quantiferon para Tuberculose positivo. Realizada pericardiectomia e anatomopatológico apresentando processo inflamatório inespecífico. Iniciado tratamento com RIPE (rifampicina/isoniazida/pirazinamida/etambutol) e corticóide, evoluindo com melhora clínica, desaparecimento das máculas e sem novos episódios de artralgia. Conclusão: Pacientes com anatomopatológico inconclusivo, mas com características clínicas, laboratoriais ou epidemiológicas sugestivas de PT, devem receber tratamento com esquema RIPE associado a corticóides.