Introdução: Faz parte do ideário popular o conceito de que o coração não seria a sede das emoções e sim o cérebro. A ciência, contudo, tem evidenciado a presença de neurônios intrínsecos do coração, conectados com áreas nobres do tecido cerebral e que sua ativação influenciaria os pensamentos, emoções e as atitudes humanas. Metodologia: Existe hoje tecnologia capaz de medir essas conexões e perceber o quanto o coração se altera quando do stress físico e mental. Essa mensuração se dá pela Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC). Quanto maior a VFC, mais saudável o indivíduo e maior a sua capacidade adaptativa. Doenças como a ansiedade, câncer, obesidade e o envelhecimento pioram a VFC como se o coração avisasse: “Algo está errado, estou batendo fora do prumo. Não estou pulsando como deveria”. Resultados: Estudamos o efeito do jejum na VFC e mais recentemente comprovamos que a VFC prediz mais precisamente o risco de morte em pacientes gravemente adoecidos que necessitam de Nutrição Parenteral, do que os exames tradicionalmente realizados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI): Acute Physiology and Chronic Health disease Classification System II (APACHE-II). Discussão: Ao avaliarmos a VFC através do eletrocardiograma, notamos o que este órgão queria nos dizer em relação a um dado doente. O paciente podia não estar em risco iminente de morte, mas se sua VFC estivesse muito baixa, previa-se uma alta probabilidade de um desfecho fatal. Assim, o coração nos “falaria” do profundo do ser, de como estão as coisas no plano físico e psíquico. Em nosso estudo, observamos que o paciente podia até estar consciente e conversando, porém sua doença era tão grave que sua VFC viria muito baixa. Apesar de todas as medidas, muitos desses pacientes faleceram poucos dias depois. Seu coração estava pressentindo: algo muito ruim estava acontecendo. Conclusão: O coração é um órgão extrordinário e podemos dizer que sente e pressente o bem e o mal capaz de nos atingir. A Bíblia diz em 1Cr 29:17-19 que no coração está a sede da generosidade e integridade do caráter: "Eu sei, meu Deus, que perscrutais os corações e amais a retidão; por isso, é na retidão e espontaneidade de meu coração que vos ofereço tudo isso e é com alegria que vejo agora vosso povo, aqui presente, fazer-vos suas oferendas voluntárias. Senhor Deus de Abraão, guardai para sempre no coração de vosso povo estas disposições e sentimentos e dirigi seu coração para vós”. Estudos adicionais precisam aprofundar a ligação entre coração-cérebro e emoções.
