Introdução: O teste ergométrico (TE) representa uma das estratégias mais utilizadas na prática clínica. No entanto, a depressão do segmento ST isoladamente, induzida ao exercício, tem menor valor diagnóstico nas mulheres do que em homens, com alta taxa de resultados falso-positivos. Objetivo: Avaliar a prevalência de isquemia miocárdica em mulheres na vida real através da cintilografia de perfusão miocárdica (CPM), e correlacioná-la com a capacidade funcional (CF). Método: Estudo transversal, observacional, multicêntrico que incluiu 404 pacientes divididas em 3 grupos, de acordo com a CF em MET: Grupo 1 (< 5 MET), Grupo 2 (≥ 5 a < 8) e Grupo 3 (≥ 8). Todas realizaram a CPM associada ao TE. A perfusão foi analisada de forma semi-quantitativa nos 17 segmentos miocárdicos e calculado o percentual de carga isquêmica. Foi considerado TE positivo os que apresentaram infradesnivelamento do segmento ST ≥1,0 mm, horizontal ou descendente. Para análise estatística, as variáveis qualitativas foram analisadas pelo teste de x2 e as variáveis quantitativas pelo teste de Kruskal-Wallis. Resultados: De acordo com a CF, 11 pacientes (2,7%) foram classificadas como G1, 87 (21,5%) como G2 e 306 (75,7%) como G3. A idade média foi de 70,2 ± 6,9 anos no G1, 64,2 ± 8,1 anos no G2 e 57,2 ± 9,9 anos no G3 (p< 0,0001).Observou-se baixa prevalência de isquemia à CPM nas mulheres, embora qualquer alteração do SSS-summed stress score (p=0,0010) e do SRS-summed rest score (p=0,0049) terem sido mais prevalentes no G1 e G2, com diferenças significantes. Na quantificação de isquemia, carga isquêmica ≥ 10% foi observada em 9% no G1 e em 0,3% do G3, e houve maior predomínio para qualquer carga isquêmica no G1 do que nos outros grupos (p=0,0008). Quando comparadas as que tinham ou não TE positivo, também não houve diferenças entre os grupos em relação à carga isquêmica (p=0,8300). O TE foi positivo em 5 (5,7%) pacientes do G2 e em 50 (16,3%) do G3. Nenhuma do G1 apresentou TE positivo (p=0,0162). Conclusão: A prevalência de isquemia nas mulheres foi baixa independentemente da CF, embora tenha havido uma relação inversa entre a carga isquêmica e CF ≥ 8 MET.