Introdução: A Insuficiência Cardíaca (IC) é uma doença grave em que o coração não é capaz de suprir a demanda de sangue do corpo, podendo receber indicação de implante de dispositivo de assistência ventricular (DAV). Em alguns casos, os pacientes demonstram importante vulnerabilidade psíquica, trazendo uma postura defensiva na avaliação e prejudicando o enfrentamento do adoecimento. O uso dos testes projetivos pode favorecer não apenas a avaliação, mas o manejo do caso.Objetivos:Relatar caso de paciente portadora de IC e dificuldade de vinculação, com indicação ao DAV e histórico de má adesão ao tratamento por dificuldades emocionais.Método:Relato de caso de paciente C., mulher, 52 anos, casada, com 2 filhos. Diagnosticada com insuficiência cardíaca grave, obesidade mórbida e diabetes. Realizou-se avaliação psicológica com entrevista e a aplicação do Teste de Apercepção Temática (TAT) devido à postura resistente da paciente.Resultados:No início, C. se apresentou pouco receptiva ao contato com a Psicologia, portando uma postura reservada e desconfiada dos profissionais de equipe. Ausência de história psiquiátrica prévia, porém, com importante desconfiança e persecutoriedade, além de suporte familiar escasso. Notou-se instabilidade emocional, verborragia, agitação e autocuidado prejudicado. Ao mesmo tempo, C. demonstrava pouca capacidade reflexiva e de apropriação de sentimentos. Considerou-se a aplicação do T.A.T. visando facilitar o acesso a conteúdos latentes e aversivos à paciente. O teste mostrou uma dinâmica pueril, permeada por impulsividade e baixa tolerância à frustração. Após o uso do T.A.T., paciente passou a se mostrar mais receptiva aos atendimentos, conseguindo, também, abordar questões pessoais. Através do teste e do acompanhamento psicológico, trabalhou-se os impactos de uma infância pautada por um relacionamento materno aversivo que favoreceu o desenvolvimento de uma estrutura comportamental fragmentada, além de fragilidade emocional e presença de comportamentos autodestrutivos. Tais fatores se mostraram importantes avaliar a dificuldade que paciente teria de enfrentar o implante de dispositivo.Conclusão: Foi possível, com a continuidade do manejo do vínculo e acompanhamento psicológico, trabalhar as questões emocionais de C., reduzindo seus episódios de impulsividade, fortalecendo seus recursos de enfrentamento e melhorando sua adesão ao tratamento. A aplicação do T.A.T. foi um fator importante para facilitar o vínculo entre psicólogo-paciente não apenas identificação de fatores que dificultassem o tratamento, mas também, o cuidado destes
