Introdução: A discussão sobre o método contraceptivo para as pacientes com doença cardíaca congênita deve se iniciar durante a adolescência . As pacientes devem ser avaliadas de acordo com a classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o risco de gravidez em pacientes com doença cardiovascular. Pacientes consideradas classe 4 são aquelas de maior risco de eventos adversos,com alta taxa de morbimortalidade materna e contra indicação a engravidar. Os principais preditores de mortalidade e/ou insuficiência cardíaca( IC) a serem considerados em pacientes antes da gestação são : uso de anticoagulantes, IC , fração de ejeção ( FE) menor que 40%; classe funcional NYHA maior ou igual a 2 e classe 4 da escala OMS citada acima. Hipoxemia materna é o principal preditor de desfecho adverso e os riscos fetais associados com a cianose são elevados e incluem perda fetal, baixo peso ao nascer e prematuridade.
Métodos: Nós reportamos o caso de uma mulher gestante 23 anos com história de atresia pulmonar, comunicação interventricular , artérias pulmonares desconectadas , hipertensão pulmonar, hipoxemia crônica com necessidade de oxigenioterapia e função ventricular preservada. A paciente avaliada não apresentava história de correção cirúrgica prévia . A paciente evoluiu com pré eclampsia com 29 semanas de gestação sendo submetida cesariana de urgência e posterior histerectomia total. O recém nascido de 1050 gramas,apresentava ducto arterioso patente com repercussão hemodinâmica.Após trinta dias do parto,a paciente desenvolveu sintomas de congestão pulmonar e evoluiu com choque cardiogênico. O ecocardiograma mostrava disfunção ventricular esquerda com fração de ejeção de ventriculo esquerdo de 30%.
Resultados : Foi iniciado tratamento do quadro com dobutamina,contudo não apresentou resposta satisfatória sendo optado por introdução de milrinone e desmame de dobutamina.Após isso, foi iniciado agentes vasodilatadores com boa tolerância e paciente tolerou desmame do inotrópico. A paciente recebeu alta dois meses após o parto com esquema de tratamento para insuficiencia cardiaca otimizado. Em relação ao recém nascido , o mesmo recebeu alta hospitala e não apresentou intercorrências desde então.
Conclusões :Gestantes com cardiopatias congênitas apresentam maior número de intercorrências e desfechos indesejáveis e dessa forma devem ser orientadas desde a adolescência sobre métodos contraceptivos e sobre os riscos associados a gestação , que irão depender do tipo de cardiopatia e da complexidade da mesma.
