Introdução: O reconhecimento e o tratamento do infarto do miocárdio com elevação do segmento ST (IAMcEST) demandam rápida tomada de decisão. Diferentes formas de avaliação por um cardiologista em uma rede de telemedicina têm o potencial de melhorar o atendimento aos pacientes incluídos em um protocolo torácica.
Objetivo: Comparar o uso da estratégia farmacoinvasiva e os desfechos clínicos (insuficiência cardíaca e mortalidade) entre pacientes com IAMcEST de acordo com o nível de suporte da telemedicina em uma rede hospitalar privada brasileira.
Métodos: Uma rede de dor torácica com apoio de um cardiologista por telemedicina foi implementada em 2012 em 22 hospitais e pronto-socorros. Inicialmente (fase 1), a decisão de discutir o caso com o cardiologista foi baseada no julgamento do médico de emergência. Em 2018, o uso da telemedicina foi modificado (fase 2) com cardiologistas dedicados 24h por dia, 7 dias na semana e que estavam disponíveis para discutir sistematicamente todos os casos incluídos no protocolo de dor torácica em todas as unidades da rede. A análise atual incluiu pacientes consecutivos admitidos com IAMcEST em unidades de emergência sem cardiologista e sem laboratório de hemodinâmica. O uso de fibrinolíticos e a taxa de insuficiência cardíaca e mortalidade hospitalar foram comparados em três períodos diferentes: 2011 (pré-telemedicina), 2013-2017 (fase 1) e 2018-1019 (fase 2 do programa de telemedicina).
Resultados: Foram incluídos 1.034 pacientes (113 pré-telemedicina; 645 fase 1; 276 fase 2) com IAMcEST na análise. Comparando as três fases, não foram encontradas diferenças quanto à idade, sexo e comorbidades. As alterações na terapia de reperfusão e os desfechos clínicos são relatados na tabela 1.
Conclusões: A implementação de um protocolo de dor torácica, incluindo suporte de telemedicina, foi associada a um aumento significativo no uso da estratégia fármaco-invasiva e a melhores resultados para pacientes com IAMcEST.
Antes da Telemed (2011) |
Fase 1 * (2013-2018) |
Fase 2 (2019) |
Resultado geral da Telemedicina (2013-2019) |
Valor de P |
|
Casos de IAMcEST/ano |
113 |
129 |
276 |
153.5 |
- |
Farmaco-Invasiva |
38% |
58.1% |
85.1% |
65.2% |
<0.01 |
Taxa de mortalidade |
8% |
4.3% |
3.3% |
4.2% |
0.05 |
KILLIP ≥ 2 |
22.1% |
14.5% |
14.1% |
14.3% |
0.03 |
Fração de ejeção |
49.6% |
57.1% |
53.4% |
55.7% |
<0.01 |