Resumo:Anomalias congênitas das artérias coronárias são encontradas em 0,3 a 5,6% dos pacientes submetidos à cinecoronariografia e em 0,3% das necrópsias¹. A origem anômala da artéria coronária direita (ACD) na artéria pulmonar é um defeito congênito que ocorre em 0,002% da população e representa 0.12% das anomalias coronarianas, trata-se de uma alteração coronariana rara, muitas vezes incidentalmente diagnosticada²,³. Em pacientes sintomáticos, as manifestações clínicas podem incluir dor precordial ao esforço, síncope, dispnéia, morte súbita cardíaca ou sinais de cardiopatia isquêmica. Relatamos caso desta anomalia em um paciente de 49 anos no nosso serviço.Relato de Caso:Paciente do sexo masculino, 49 anos, hipertenso em acompanhamento no ambulatório de isquemia e apresentava queixa de dispnéia aos esforços habituais, com ECG dentro da normalidade, RX tórax e ecocardiograma normais (FE 69%). Foi submetido a teste de esforço que mostrou-se positivo e cintilografia miocárdica (Fig. 1A) com estresse físico sem alterações. Devido persistência dos sintomas, optou-se por estratificação invasiva e realizado o cateterismo (Fig. 1B e 1C) por via artéria radial direita, sendo evidenciado ACD com origem anômala do tronco da pulmonar, com enchimento retrógrado via coronária esquerda e sem lesão obstrutivas. Coronária Esquerda com tortuosidades e sem obstruções. Por tratar-se de exame ambulatorial, paciente assintomático e exame realizado sem intercorrências, o mesmo foi liberado para retorno em consulta ambulatorial.Discussão:Nosso caso descreve paciente com quadro de dispnéia aos esforços habituais em investigação de isquemia ambulatorialmente, sendo evidenciado na cinecoronariografia origem anômala da ACD no tronco da artéria pulmonar. Devido à relação entre ACD com origem anômala na artéria pulmonar e morte súbita cardíaca, a correção cirúrgica é o tratamento de preferência mesmo em pacientes assintomáticos4,5. Paciente ficou em acompanhamento ambulatorial, recusou-se a procedimento cirúrgico e manteve-se oligossintomático e em tratamento clínico.