Fundamento: Evidências controversas apóiam o uso de terapias com antagonistas do sistema renina-angiotensina e betabloqueadores (BB) para prevenção de cardiomiopatia induzida por antraciclinas. Objetivo: Realizamos uma meta-análise para avaliar a eficácia desses medicamentos na prevenção cardiotoxicidade. Métodos: A metanálise incluiu estudos com adultos submetidos a quimioterapia com antraciclina e terapias com bloqueadores do sistema renina-angiotensina (inibidores da enzima conversora de angiotensina, antagonistas mineralocorticóides e bloqueadores do receptor de angiotensina) e betabloqueadores versus placebo com seguimento de 6 a 18 meses. O desfecho primário foi alteração na fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) durante a quimioterapia. Os desfechos secundários foram FEVE final, insuficiência cardíaca (IC) e mortalidade por todas as causas. A avaliação da heterogeneidade foi realizada e os modelos de efeitos aleatórios foram realizados em todas as análises. Resultados: Foram incluídos 17 estudos randomizados, totalizando 1525 pacientes. A terapia neuro-hormonal foi associada a menores alterações na FEVE [wmd 4,42 (IC 95% 2,3-6,6)] e maior FEVE final (p <0,001). O tratamento com BB também foi associado a uma menor incidência de IC [RR 0,45 (IC 95% 0,3 - 0,7)]. Não foi encontrada diferença na mortalidade (p = 0,30). As duas análises da FEVE foram associadas a uma heterogeneidade significativa, não explicada pelo desenho do estudo ou pelo tipo de medicamento cardiovascular. Conclusão: O uso do sistema renina-angiotensina e betabloqueadores na prevenção da cardiotoxicidade relacionada à antraciclina foram associados a menores alterações na FEVE, maior FEVE final e menor incidência de IC. Nenhuma mudança na mortalidade foi observada. (CRD42019133615)
