Introdução: A relação entre isquemia miocárdica e eventos coronarianos tem sido motivo de intenso debate e investigação. O diabetes mellitus (DM) parece adicionar gravidade na isquemia com risco de pior prognóstico em longo prazo. Assim, estudos direcionados a esses vetores são necessários.
Objetivo: Avaliar se a isquemia miocárdica adiciona maior risco no prognóstico da doença arterial coronariana (DAC) e se o diabetes acrescenta riscos à isquemia.
Métodos: Trata-se de pacientes portadores de DAC incluídos no registro MASS, submetidos previamente à terapêutica clínica, cirúrgica ou percutânea. O diagnóstico de isquemia miocárdica e DM foram realizados conforme as diretrizes vigentes. O desfecho primário foi definido com a composição de morte por qualquer causa ou infarto agudo do miocárdio (IAM) não fatal. O desfecho secundário foi a avaliação isolada de mortalidade.
Resultados: De 2002 a 2010 incluímos 1915 pacientes portadores de DAC multiarterial. Destes, 1001 apresentavam-se com testes de esforço conclusivos na admissão do registro. 790 (79%) apresentaram presença de isquemia e 211 (21%) ausência de isquemia. O tempo mediano de seguimento foi de 8,7 anos (IQR 4,04 a 10,07). O desfecho primário ocorreu em 228 (28,9%) pacientes com presença de isquemia e 64 (30,3%) sem isquemia (p=0,60). Pacientes sem isquêmica, com ou sem DM, a ocorrência de eventos foi semelhante (p=0,96 e p=0,60 respectivamente). Por outro lado, pacientes com isquemia e DM a ocorrência de eventos combinados foi 145 (35,6%) e sem DM foi em 83 pacientes (21,7%) (prank=0,01) (HR:1,39; 95% IC 1,06-1,83; p=0,01). Ao analisar somente a mortalidade, observamos ocorrência em 117 pacientes (28,7%) diabéticos e 65 (17%) em não diabéticos, (prank=0,01) (HR:1,49; 95% IC: 1,1-2,03; p=0,01). Não foi observada interação dos tratamentos com a presença de isquemia miocárdica ou DM na ocorrência do desfecho primário combinado (pint=0,14 e pint=0,55).
Conclusão: A isquemia miocárdica não adicionou pior prognóstico quando comparado aos não isquêmicos. Todavia, na presença do diabetes, a isquemia miocárdica foi relacionada à maior taxa de eventos cardiovasculares.