Introdução: Pacientes que evoluem com hiperglicemia hospitalar são mais propensos a complicações durante internação, sendo demonstrado que o controle glicêmico adequado, com insulinoterapia endovenosa, no pós operatório imediato de cirurgia cardíaca reduz desfechos clínicos desfavoráveis, como mortalidade, além de insuficiência renal aguda (IRA), arritmias e infecção hospitalar. No entanto, após a alta da UTI, cerca de 50% dos pacientes não recebem insulinoterapia subcutânea (SC) adequada na enfermaria, sendo comum o paciente evoluir hiperglicêmico.
A fim de melhorar esta situação desenvolvemos um sistema de software, o InsulinAPP, de acordo com recomendações da literatura médica para gerenciar a terapia de insulina SC e transformá-los em uma questão menos complicado, este protocolo já está validado, demonstrando redução de 16% na glicemia em pacientes clínicos e em pós operatório de cirurgias não cardíacas.
O objetivo deste trabalho é analisar se o controle glicêmico guiado pelo protocolo InsulinAPP é eficaz em reduzir a incidência do composto dos parâmetros clínicos relacionados a hiperglicemia hospitalar, definidos como: IRA, infecção Hospitalar e fibrilação atrial.
Método: Analisamos prospectivamente, por meio de ensaio clínico randomizado, os pacientes em pós-operatório de revascularização miocárdica, após alta da UTI, que desenvolverem hiperglicemia hospitalar (definida com glicemia capilar >140 mg/dL). Foi avaliado em paralelo os grupos randomizados para controle glicêmico através de protocolo eletrônico "InsulinAPP" (site: www.insulinapp.com.br) e controle glicêmico habitual definido pela equipe assistente, exceto o protocolo insulinAPP (grupo “padrão”).
Resultados: Foi avaliado 41 pacientes,15 no grupo “InsulinAPP” e 26 no grupo “padrão”, que tinham em média 65,1 anos de idade; DM2 há 10,8 anos; IMC: 27,7 kg/m2; clearance de creatinina 68,7 mL/min/1,73m2e 56,1% de sexo masculino, não houve diferença entre estas características entre os grupos.
O grupo InsulinAPP teve melhor controle glicêmico - glicemia média: 162 mg/dL vs. 193 mg/dL no grupo padrão (p=0,036), e redução significativa na incidência do composto do desfecho primário: 27% vs. 77% (p=0,002) e também isoladamente em infecção 20% vs. 61% (p=0,001) e IRA 13 % vs. 50% (p=0,019) – “InsulinAPP” vs. “Padrão”, respectivamente.
Conclusão: O protocolo demonstrou ser efetivo no controle da hiperglicemia hospitalar, sendo capaz de reduzir os desfechos desfavoráveis no pós operatório de cirurgia cardíaca.