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Endocardite Infecciosa se apresentando como Síndrome Antifosfolípide Catastrófica

BRIGIDO, ARD, MARTINS, AVV, BARBERINO, LA, BELFORT, DSP, KOPEL, L, COSTA, MFM, LAGE, SHG
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução: A síndrome antifosfolípide catastrófica (SAFC) é uma desordem auto-imune rara, caracterizada por eventos trombóticos disseminados e falência de múltiplos órgãos. A SAFC tem alta letalidade, em torno de 50% a despeito do tratamento, sendo que mais de 45% dos pacientes não apresentam desencadeante bem definido. Em alguns casos, é difícil distinguir a SAFC de outras condições como a Endocardite Infecciosa (EI), patologia também associada à elevada morbimortalidade.

Resumo do caso: Paciente de 74 anos, sexo feminino, deu entrada em pronto-socorro com dispneia progressiva, diarreia e tosse há 01 semana. Negava febre. Exame físico relevante apenas por ausculta pulmonar reduzida em bases. Radiografia de tórax evidenciou derrame pleural bilateral, cuja análise revelou transudato. Ecocardiograma mostrou fração de ejeção preservada e massa hiperrefringente, 31x23mm, aderida à face atrial da valva mitral. Coletadas culturas e iniciada antibioticoterapia empírica com hipótese de EI. Hemoculturas consecutivas foram negativas. Paciente piorou agudamente a dispneia com necessidade de intubação orotraqueal. TC tórax e abdome revelaram tromboembolismo pulmonar à direita, infarto esplênico e trombo em aorta distal. Modificada anticoagulação profilática para plena. Ressonância cardíaca mostrou massa irregular, 31x16mm, móvel e se projetando para o ventrículo esquerdo durante a sístole, sem perfusão pelo contraste ou realce tardio. PET-CT não evidenciou captação de FDG em topografia da massa. Paciente apresentou também oclusão arterial aguda do membro inferior direito, além de disfunção renal, necessitando de hemodiálise. Convocada equipe da Reumatologia, que sugeriu diagnóstico de SAFC associada a possível fibroelastoma cardíaco. Realizado tratamento com imunoglobulina intravenosa e pulsoterapia com metilprednisolona. Paciente foi extubada e recuperou função renal. Após estabilidade clínica, foi realizada cirurgia para abordagem da massa, sendo realizada troca valvar mitral. Pesquisa de trombofilias e anticorpos para SAF resultou negativa. Anatomopatológico revelou alterações morfológicas compatíveis com EI. Tratamento antimicrobiano empírico para EI foi concluído e a paciente recebeu alta hospitalar, já em desmame de corticoterapia, após diagnóstico definitivo de EI.

Conclusão: A EI, no cenário das patologias que cursam com eventos tromboembólicos, ainda que mais frequente que a SAFC, pode também se apresentar como um diagnóstico desafiador diante de suas diversas formas de apresentação clínica, inclusive afebril e com hemoculturas negativas, como neste caso.

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