INTRODUÇÃO: O aneurisma de ventrículo esquerdo (VE) representa uma área de acinesia ou discinesia da parede do VE que leva à redução da fração de ejeção (FE) do VE. 95% dos aneurismas de VE resultam de Infarto Agudo do Miocárdio secundário à Doença Arterial Coronária (DAC). Em torno de 70 a 85% dos aneurismas em parede anterior ou apical resultam de oclusão da artéria descendente anterior (ADA). Podem também ser decorrentes de Doença de Chagas, trauma, sarcoidose ou anomalia congênita. A presença de aneurisma de VE pode se apresentar clinicamente de forma assintomática. No entanto, manifestações clínicas mais graves podem ocorrer, tais como taquicardia ventricular (TV) sustentada, insuficiência cardíaca e embolia arterial. RELATO DO CASO: Paciente feminina, 86 anos, hipertensa, portadora de miocardiopatia chagásica. Admitida em unidade de pronto atendimento no dia 18/10/2019, com queixa de dispneia, dor torácica anginosa e taquicardia, sendo evidenciada TV com instabilidade hemodinâmica e realizada cardioversão elétrica sincronizada, com retorno ao ritmo sinusal. Foi encaminhada a um hospital terciário, onde apresentou novos episódios de TV sustentada com reversão química para ritmo sinusal. O ecocardiograma realizado no dia 29/10/2019 evidenciou FEVE de 26% e importante aneurisma do VE (90x70mm) com discinesia do ápice e segmento apical em paredes anterior, septal e inferior. A paciente foi encaminhada a outro hospital terciário para realização de cineangiocoronariografia em 08/11/2019, que revelou ADA ocluída em terço médio e aneurisma anteroapical. O caso foi discutido com a equipe de arritmologia, que atribuiu o foco arritmogênico ao aneurisma de VE. Dessa forma, a paciente foi submetida em 12/11/2019 à cirurgia de aneurismectomia de VE e endoaneurismorrafia com pericárdio bovino. Evoluiu com insuficiência renal aguda, pneumonia nosocomial e choque séptico, indo a óbito em 22/11/2019. DISCUSSÃO: Angina e dispneia são dois sintomas frequentes em mais de um terço dos casos de aneurisma de VE, além de arritmias ventriculares complexas, quadro este condizente com o presente relato. A presença de cardiopatia chagásica associada a DAC, com obstrução de ADA, são fatores que podem ter contribuído para o surgimento deste aneurisma. Achados de ventriculografia condizem com a literatura, já que há uma área grande e distinta de discinesia da parede de VE. A indicação de aneurismectomia de VE, neste caso, justifica-se pela ocorrência de taquiarritmia complexa com risco de vida, insuficiência cardíaca refratária e angina recorrente.