A complexidade do esquema terapêutico da insuficiência cardíaca e a falta de entendimento a respeito da função dos medicamentos prescritos e da necessidade de serem utilizados na posologia prescrita estão diretamente relacionadas a fatores que levam à diminuição da adesão à terapia, sendo a internação hospitalar uma oportunidade de informar quanto a importância da adesão à terapia medicamentosa.
Desta forma, este trabalho tem como objetivos avaliar a influência de uma orientação farmacêutica de alta individualizada na incidência de re-hospitalização por insuficiência cardíaca em 30 dias e mensurar a satisfação dos pacientes com a orientação farmacêutica recebida.
A coleta dos dados foi realizada após o estudo ser aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa, e os indivíduos assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido. O projeto foi aprovado pela Plataforma Brasil, sob número CAAE 22164819.1.0000.5461.
Os pacientes foram orientados dias antes da alta hospitalar, a beira-leito. Após a orientação, os participantes foram convidados a responder a um questionário contendo cinco questões, como forma de avaliar a orientação recebida.
O pesquisador, com o auxílio da equipe de Desfecho Clínico do Hospital Sírio Libanês, buscou informações sobre a reinternação dos pacientes orientados por insuficiência cardíaca descompensada em um período de 30 dias após a alta hospitalar.
O questionário, aplicado aos pacientes após a orientação farmacêutica, obteve respostas “muito boa” e “excelente” em todos os itens questionados de todos os pacientes do estudo. O último item questionado, que diz respeito a avaliação geral da orientação, obteve 60% de respostas como “muito boa” e 40% como “excelente”.
Em relação a repercussão no desfecho clínico dos pacientes, não houve alteração na taxa de reinternação em 30 dias dos pacientes submetidos a nova orientação, quando comparados aos pacientes que receberam alta hospitalar antes da implantação da cartilha de orientação farmacêutica. Em ambos os períodos estudados, o percentual de paciente que necessitam de nova internação hospitalar dentro de um mês é de 15%.
Apesar do aprimoramento da orientação farmacêutica não ter demonstrado impacto no desfecho clínico de curto prazo na amostra analisada nesse estudo, este trabalho demonstra o potencial da atuação do farmacêutico com maior proximidade ao paciente.