Hemoptise maciça recorrente secundária à aneurisma sacular de aorta torácica devido coarctação de aorta evoluindo com pseudoaneurisma gigante – Embolização de artéria brônquica é viável?
Introdução: Em adultos, hemoptise maciça é definida como expectoração de 500 mL no período de 24 horas, ou média de 100 mL/h. Quando secundária a aneurisma de aorta, é situação de alta letalidade, por ser reflexo de fistulização aorto-brônquica ou ser secundária à compressão pulmonar. É raro relato bem sucedido de (pseudo)aneurisma de aorta com embolização de artéria brônquica.
Relato: Paciente, sexo feminino, 40 anos, veio à emergência com hemoptise maciça persistente há 3 semanas. Referia coarctação de aorta congênita corrigida com istmoplastia no 1º ano de vida, aneurisma de aorta em porção ascendente corrigido com endoprótese na porção descendente aos 30 anos e aos 34 re-coarctação corrigida com tubo extra-anatômico em aorta descendente. Há 1 ano iniciou hemoptóicos e dor ventilatório-dependente. Hemodinamicamente estável, necessitava hemotransfusão. Angiotomografia de tórax evidenciava volumoso saco aneurismático (10,9 x 9,6 cm) envolvendo endoprótese, conteúdo heterogêneo e focos de calcificações. À endoscopia digestiva alta e broncoscopia, não foi possível transpor o aparelho por compressão extrínseca do saco aneurismático. Cirurgia convencional contra-indicada, optou-se por embolização de artéria brônquica. Arterografia evidenciou ramo descendente do tronco tireocervical direito de calibre aumentado em direção ao mediastino. Embolizado com sucesso. Evoluiu sem sangramentos e recebeu alta hospitalar. Em 4 meses apresentou apenas 1 episódio de hemoptóicos em pequena quantidade, sem hospitalização.
Discussão: Há diferentes opções para cessar o sangramento em hemoptises secundárias à aneurismas de aorta: broncoscopias por diversas técnicas; procedimentos com laser e tamponamento com balão; e embolização da artéria brônquica, sempre que estamos diante de sangramento persistente. Inúmeras cirurgias prévias impossibilitavam nova abordagem cirúrgica convencional e, broncoscópica por dificuldades técnicas. Optou-se por embolização arterial, medida de alto risco por tratar-se de pseudoaneurisma gigante.
Conclusão: Em casos extremos de hemoptise maciça secundária à (pseudo)aneurisma gigante de aorta, embolização de artéria brônquica pode ser adotada como estratégia terapêutica.